Homem degradado
Através do vazio atendo o elevar dos sons vocais da manhã gravados nas cepas conjuntas do homem degradado.
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Através do vazio atendo o elevar dos sons vocais da manhã gravados nas cepas conjuntas do homem degradado.
Sonha bicho carcomido, reage à lança. Cá dentro, neste sonho de mundos entregas pó e sombras. Comes as palavras frias nos cunhos da pedra. Raias suplente as orlas das muralhas. Estacas as bandeiras das derrotas densas. E cravo a cravo, alambique e trono, leve distraído linhas e diapasão, estão os teus resgates, os teus ossos frios, a aurora da noite e as horas marcadas.
Evasão serena este despertar de marujo e esta sabedoria endócrina. Um apontamento, um interior em branco, uma amizade pura. Agrilhoados ao éter levantais ferros, vejo-vos partir destas cadeiras de pedra, deste mundo a dois. Voa sustento nas ondas e trabalho nos braços. Vogam névoas brancas e vagas a metros e metros e metros. Soa a voz invisível no fundo da terra.
Os braços profundos do amor abrem alas através do aglomerado do cosmos. São pedra, são sal e vida. Nauta resgato-te os ossos e a carne emersos na memória dos dias destes caminhos quânticos.
A ervaria entrelaçada pelo pátio dá aos travões de granito um aspeto agradável. Nos ranhos da manhã declamo com o coração entretido a contar momentos em voz de chão. Na aura nívea dos tormentos dos textos a pobreza da terra, no encanto da guerra das mãos estes homens quebrados, no limo dos poros da carne o rumor das marés.
Isoladas no Senhor e na Terra estas mãos ganham trabalho aqui perto num mundo escondido. Sou eu que no sono-vida da razão me faço criador e criado, luz realidade e sombra. Só na tua compreensão aberta meu amor deponho as minhas armas, só neste trabalho ganho me crio criado.
Do núcleo desta arte magra emanam os sentidos noturnos e as trovas assimétricas recuadas no semi-tempo das horas enquanto recupero na lentidão da escrita e gesticulo com as mãos sujas de letras.