Na gaveta
por Paulo Vinhal, em 25.07.16
Com os rins atados pelo couro acordo violentamente ao teu lado. Não tens nem Deus nem Fé, a carne tatuada e uma réstia de saliva. As minhas barbas sujas são a tua única alegria, o repouso das tuas mãos que desenharam de cima a baixo esta casa de pedra, esta morada de carne e este rosto invisível. Sou amargo ao longo deste acordar violento no espasmo dum animal esfaqueado na escuridão, enquanto recitas um dos velhos poemas que eu tinha guardado na gaveta de cima.